quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Santo Natal, porquê

Certamente afadigados a expedir e a responder a cartões festivos a amigos e clientes, alguns rezingões indignam-se, com mais ou menos bonomia, quando alguém apresenta, singelamente, votos de «Santo Natal». Preferiam um inócuo «Feliz Natal», ou melhor ainda, umas pagãs «Boas Festas». Cuidam, quiçá, que assim são invectivados  a uma conversão forçada ou, no mínimo, a ir à Missa do Galo. Arrepia-lhes a vaga sugestão de linguagem de sacristia. E consideram-na abusiva, desapropriada em relação à época, uma ofensa às outras crenças e, até, uma hipócrita e impotente tentativa de fazer do Natal uma festa cristã. Só não lhes ocorre o significado literal da palavra - santo: perfeito em tudo, essencialmente puro, cheio de virtudes. Nem vislumbram a beleza da evocação, para muitos ainda cheia de poesia. Mas é essa mesma poesia que estes insistem em comunicar. Quanto a mim, mesmo numa perspectiva não religiosa, gosto de recordar a beleza da ideia de uma noite perfeita, em que um menino, amado pelos seus pais, cantado por pastores, sábios e anjos, nasce na maior pobreza e simplicidade, em nome da paz, para nos salvar e para revelar os insondáveis mistérios do absoluto.
E para mim essa é uma ideia bela, é uma ideia santa, que me enche de soberba plenitude e que gosto de comunicar.
Santo Natal!

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