quarta-feira, 26 de setembro de 2007

A oportunidade perdida

Decididamente, o nosso 1º Ministro não tem grande sensibilidade para os Direitos Humanos…
Diria mesmo que ele, e o seu governo, não param de nos envergonhar em relação a esta matéria.
Depois das perfeitamente escusadas declarações na Rússia, que até ao Senhor Putin terão deixado surpreendido, aos encomiásticos elogios de um Subsecretário de Estado ao Senhor Chavez, na Venezuela, vemos agora o Presidente em exercício da U.E. remeter-se a um relativo silêncio (apenas com uma breve menção, a reboque de outros, no seu discurso na O.N.U.) em toda esta questão da Birmânia/Myanmar.

Debalde.
Depois de ultrapassado pelos responsáveis políticos do Reino Unido e da França, vem agora Romano Prodi puxar-lhe as orelhas pela omissão.

Não havia necessidade…

Percebo a realpolitik e reconheço, até, a respectiva necessidade em muitos casos.

Nem sequer esperava do Sr. Eng. Sócrates a estatura moral e política de Angela Merkel, mas penso que, quanto mais não seja, há erros que não se devem cometer e há oportunidades que não se devem perder.

O regime de Myanmar está agonizante.

Uma iniciativa clara e veemente impunha-se e impõe-se, numa questão que não colhe divergências de fundo entre os países membros da UE.

Bastaria o Senhor Primeiro-Ministro de Portugal ter olhado para os sinais, aproveitando a fantástica coincidência de estar na Assembleia-Geral da ONU também na qualidade de Presidente em exercício da UE.

Nada, aludiu brevemente à questão e deixou-se estar, entretido a propiciar as condições para recebermos o Senhor Mugabe e seus acólitos, deixando a iniciativa e os holofotes da imprensa mundial a Gordon Brown e a Sarkozy.

Há erros que se pagam caro.

A Europa e o ocidente em geral amargam hoje o criminoso abandono dos manifestantes de Tiannamen à sua triste sorte… (e a estupidez e a ganância da negociação dos acordos de mercado livre, concluídos sem garantir direitos humanos mínimos para as populações escravizadas desse gigante).

Não será o caso da relativamente insignificante Birmânia (ainda assim estrategicamente situada no meio dos dois novos gigantes), mas Portugal perdeu uma bela oportunidade de se manter na linha da frente dos respeitáveis e respeitados países que zelam activamente pelos Direitos Humanos.

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