...que o mesmo é dizer que, muitos deles, estão a recusar-se a despachar processos para além das 17:00h - termo do seu horário normal de trabalho - e que passaram a acabar as audiências a essa hora.
Por agora o prejudicado será o cidadão, que vê, assim, ainda mais difícil conseguir Justiça.
Mas não se trata de uma greve de zelo, como esclarece Fernando Jorge, presidente da Associação dos Funcionários Judiciais, pois o trabalho continua a ser realizado «com o máximo profissionalismo, afinco e determinação e empenho» durante o horário normal de trabalho, como referiu em entrevista à TSF.
«Não nos peçam é para trabalhar aos fins-de-semana e à noite de borla. Quero referir que nenhum funcionário nem magistrado recebe mais nenhum tostão por ficar muitas vezes até às 3:00 ou às 4:00 a ouvir pessoas em interrogatórios. Esse trabalho é feito de forma gratuita», recordou.
Na referida entrevista, Fernando Jorge traduz bem o que está em causa:
«Como é evidente, as pessoas que trabalham nos tribunais não se sentem motivadas a trabalhar para além daquilo a que estão obrigadas», isto em virtude das injustas e demagógicas atitudes de afrontamento e hostilização que o Governo tem tido contra os profissionais da área da Justiça.
Tal como Fernando Jorge, Alexandre Baptista Coelho presidente da Associação Sindical dos Juizes confirmou que os magistrados judiciais apenas estão a cumprir o horário normal de trabalho, negando tratar-se de uma «greve de zelo». É antes uma «adequação de ritmo de trabalho» com o equilíbrio de horários.
«Nessa medida, há necessariamente julgamentos que não digo que terminem imperiterivelmente às 17:00, mas com certeza que não se vão prolongar como se verificava anteriormente.
António Cluny, presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público reiterou a falta de motivação dos magistrados, que deixaram de ter «aquele esforço suplementar que lhes permitia contra as insuficiências do sistema ir aguentando».
«São atitudes que resultam da desmotivação geral que a actuação deste Governo tem provocado no seio das magistraturas», concluiu .
A PJ, pelo seu lado, está em greve às horas extraordinárias.
Têm toda a razão.
Finalmente reagem de forma inteligente e adequada à prática do Governo que, na Justiça, tem mostrado estar de má fé.
Julgávamos que a Justiça estava muitíssimo mal, e que já não poderia piorar.
Este Governo, mostrou-nos (com a sua política na área da Justiça) que, afinal, o abismo não tem fundo e que podemos sempre piorar, ainda mais e mais depressa.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006
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