segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Justiça, oportunidade e gestão da informação

«O tempo da Justiça portuguesa provém certamente das mãos das Parcas, aquelas filhas do Caos e da Noite que teciam o Destino contra toda a lógica e esperança dos homens. Pois que outra explicação que não a força dum Destino que até os deuses submete pode explicar que Portugal tenha não só o seu primeiro-ministro enredado no caso Freeport, que remonta a 2004, como também o líder do partido que poderá viabilizar uma solução de Governo, Paulo Portas, a braços com um caso, o da compra dos submarinos, nascido em igual época?
Mas este falhanço da nossa justiça que nos ensarilha a vida, afugenta os investimentos estrangeiros – alguém quer investir num país onde andará dez anos em tribunal pela coisa mais banal? – começa a comprometer a transparência da política e a legitimar as mais variadas e provavelmente injustas suspeições quer sobre as pessoas quer sobre as instituições. Alguém consegue, por exemplo, explicar a oportunidade de escassas horas após Paulo Portas se ter tornado indispensável a um futuro Governo se terem processado importantes diligências de investigação do processo de aquisição de submarinos? E como entender que essas diligências tenham sido previamente anunciadas aos jornalistas? O pior de tudo é que nada disto espanta nem indigna. Tornou-se banal
.» Helena Lopes, PÚBLICO

Vi, na Televisão, um dos responsáveis da empresa Man Ferrostaal, Horst Weretecki, surpreso, manifestar a sua indignação pelo facto de ter tido conhecimento de que era um dos acusados através da comunicação social e não mediante notificação pelo MP. Tem razão. Como escreveu a articulista: O pior de tudo é que nada disto espanta nem indigna. Tornou-se banal.

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