quinta-feira, 28 de maio de 2009

Campanha - III

Uma agremição de pândegos candidatou-se, há uns anos atrás, a umas eleições para a A.R. com uma proposta principal: a liberalização do aborto. Sucede que davam pelo nome de «Partido Humanista». É verdade, não estou a brincar, um «Partido Humanista» defendeu e incluiu no seu programa a liberalização do aborto. Esgotada a chalaça, deixámos de ter notícia do mesmo. Ontem, na RTP2, dei-me conta de que ressurgira com uma candidatura ao P.E.. A candidata? Manuela Magno, uma professora universitária (salvo erro de Évora) que se candidatou nas últimas eleições presidenciais e que na altura foi vítima de aparente má vontade e intransigência da C.N.E., as quais, em devido tempo, comentámos criticamente, ao lado de alguns outros.
No meio dos afazeres domésticos, dispus-me a ouvi-la, no telejornal da RTP2, onde foi entrevistada. Pasmei. As propostas que a Senhora Professora Doutora Manuel Magno apresentou (de que me dei conta, porque por momentos não prestei atenção ao programa), sem se rir, foram: O rápido desmantelamento das armas nucleares na Europa, a paridade dos tratamentos alternativos em relação aos medicamentos da medicina e uma restrição imposta aos médicos no sentido de lhes dificultar a prescrição de tratamentos químicos a crianças com hiperactividade.
Pelos vistos a pilhéria continua por aqueles lados.
Sendo o disparate livre, abundante (falo por mim) e, nestes casos, um direito inalianável, a razão deste postal não tem que ver com o conteúdo das propostas que, recordo aos mais distraídos, não são um simples exercício de opinião, de sonho ou de utopias, mas um programa político de uma candidatura formal ao Parlamento Europeu.
Tem, isso sim, que ver com o sistema de ensino superior deste país.

Ainda a remoer o espanto, passo os olhos por uma edição relativamente recente do semanário Sol, onde aparece a seguinte citação da pelos vistos MSC Josefina Rocha, a distinta professora de história que recentemente escandalizou o país: «Quem corrige os testes sou eu. Tu nem sabes no que te metestes» acrescentando «Eu tenho um mestrado». Não vou comentar o escândalo, que não me interessa particularmente e que nem sequer acompanhei na altura. Mesmo um sistema equilibrado - e não é manifestamente o caso do Ministério da Educação em Portugal - poderia, em milhares de pessoas, ter casos de pontual desiquilíbrio ou inadequação.
Nem sequer é o facto de um professor dar um (eventualmente fortuito) erro de Português que me leva a escrever estas linhas. Não seria eu a atirar-lhe a primeira pedra, até porque, provavelmente, a professora em causa teve o mesmo tipo de educação básica privilegiada que eu próprio tive nos anos 70. O problema não é o erro. O problema é o tipo de erro - básico - e a área científica da Senhora. Mestre Josefina Rocha não é engenheira como o actual Senhor presidente da Mota-Engil que, quando deputado, revelou representar fielmente, na A.R., o povo que o elegera (hadem ver, discursou um dia, enquanto ministro). Professora de História, supõe-se que será esta a sua área científica... Assim sendo pergunto-me: - mas para se licenciar e tirar o mestrado, a referida senhora não teve que ler e até que escrever bastante? Que raio de mestrados e de doutoramentos se fazem neste país?

1 comentário:

Anónimo disse...

"...Ainda a remoer o espanto..."
Realmente é verdade eu tb pergunto que gente temos com as nossas crianças e jovens? Que gente é esta que se permite ser professor?