segunda-feira, 10 de março de 2008

Manifestações

A propósito da mais impressionante manifestação de que há memória...
Quem tiver lido as últimas msgs. pode ficar com a ideia de que sou um ferveroso adepto de manifestações.
Nada disso. Nunca gostei de grandes ajuntamentos.
A minha experiência mais parecida com manifestações, foi a presença em alguns concertos de Rock, já lá vão uns anos. Há! Mais recentemente vi a «Aida», no Estádio Nacional e fui ver a Expo 98. Tirando isso, basta-me uma viagem no metro ou a deslocação ao hipermercado num Sábado para ficar vacinado.
Quanto a comícios propriamente ditos, só lamento a m/ ausência num, mas era, ainda, muito pequeno para ter consciência política. Refiro-me ao da Fonte Luminosa, em 1975. Nele jogava-se, provavelmente, a democracia (ou a paz) em Portugal.
Não sendo adepto de manifestações, sou inegavelmente adepto do direito à manifestação, por mais que considere deploráveis certos comícios e ajuntamentos. Não pode haver Liberdade sem a liberdade de reunião e sem a liberdade de opinião, ainda que, pontualmente, manifestada aos gritos. Aliás, profilaticamente, o direito de manifestação pode ajudar a descomprimir certas tensões políticas acumuladas, embora, por vezes, também as possa acentuar.
Isto dito, uma palavra amiga para o Governo:
- Não me parece que um governo democraticamente eleito deva mudar de política por causa de uma manifestação, por maior que seja.
Numa democracia, devem valer mais os argumentos do que os gritos.
O Marechal Spínola apelava à «maioria silenciosa». Ficou no anedotário nacional. Mas, no fundo, tinha razão. Raras vezes a gritaria coincide com o bom senso e raras vezes os que gritam catalizam ou expressam posições maioritárias.
Se uma manifestação fosse motivo válido de quedas de governos e de ministros, por maioria de razão a acção governativa deveria ser influenciada passo a passo por sondagens e estudos de opinião que, apesar de falíveis, traduzem mais fielmente o sentir dos eleitores.
A democracia representativa não é isso.
Mal ou bem, lido ou não lido, há um programa sufragado.
Quanto aos motivos desta manifestação em si, e porque dificilmente consigo ter uma opinião coerente, remeto para quem percebe muito mais do que eu e que escreve muitíssimo melhor do que eu:
António Barreto - Avaliação

Vasco Pulido Valente - A avaliação dos professores

António Barreto - A reforma da educação

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